sábado, 24 de março de 2012

Renato Rabelo: PCdoB, anos 90 anos, de olho no futuro




O Partido Comunista do Brasil completa 90 anos em 25 de março. A legenda mais antiga da nossa história política renova-se constante e intensamente, graças às suas bases nos movimentos sociais e na ação política. Quem passar em revista seus dirigentes, parlamentares, líderes estudantis, sindicais ou femininas, dirá talvez que é a mais jovem da cena política nacional.

Com zelo até maior o PCdoB cuida de renovar-se nas ideias. No nonagésimo aniversário, passa em revista sua trajetória, rende homenagem aos seus combatentes, heróis e mártires, reforça seus princípios, seu caráter revolucionário e o objetivo socialista. Porém, o faz com os olhos postos no futuro, nas lutas dos próximos anos e décadas.

Partido marxista, dialético, o PCdoB pensa, como Heráclito (o filósofo grego), que é impossível banhar-se duas vezes no mesmo rio: tudo flui em razão da luta de contrários; a realidade está em permanentes metamorfoses. Vejamos algumas delas: a grande crise capitalista ; o declínio dos Estados Unidos; os países que mantêm a perspectiva socialista; o Brasil de Lula e Dilma.

Vistas em seu conjunto e sua dinâmica, essas transformações apontam uma nova luta pelo socialismo. Não é certamente o mesmo socialismo do século passado, mas aprende com seus acertos e erros para conduzir a emancipação nacional e social nas condições contemporâneas. É um socialismo renovado, que não copia um modelo único mas assume em cada país os traços, as cores e os ritmos ditados pela realidade concreta.

O PCdoB está convencido de que nas condições do Brasil o caminho para o socialismo é a realização de um novo projeto nacional de desenvolvimento. Como afirma o seu Programa, "o socialismo é o rumo. O fortalecimento da Nação é o caminho". É para esta jornada conjunta, árdua, mas possível e necessária, que convoca os trabalhadores e as forças avançadas de nossa pátria.

Tem um um protagonismo crescente e positivo neste planeta em mutação. A senda trilhada fica nítido quando se olha o pós-2002 sob o prisma mais amplo da história. O país entrou num novo ciclo político, social e econômico, seu povo reencontrou a esperança e o mundo encara-o com novo interesse. Para a oposição conservadora é um cenário de pesadelo. Para o PCdoB e as forças empenhadas na mudança, a nova fase representa vitórias, avanços, e também desafios de ir adiante na construção de uma nação soberana, democrática, com progresso social e com integração solidária com seus vizinhos buscam soluções próprias para desbravar seus caminhos.

A América Latina vive uma verdadeira onda democrática, patriótica, popular e integracionista, com várias nações se propondo a superação do capitalismo, e a ascensão de novos polos dinâmicos, configuram um mundo em transição. O imperialismo estadunidense reage ensaiando novos focos de guerra, agora contra o Irã e a Síria. A reação envolve o mundo em incertezas, mas não contém queda, ditada pelo desenvolvimento desigual do capitalismo, após o pico estadunidense de 2008 e o europeu de 2011, não tem solução à vista.

A hipertrofia do setor financeiro só promete mais instabilidade e incerteza. Na sua esteira, fracassou o pensamento neoliberal - ainda há pouco vendido como "consenso" e "pensamento único". Mas mesmo fracassado, este mantém-se no poder pisoteando a democracia, impondo governos, ditando políticas, o que provoca a justa resistência dos trabalhadores e povos.


* Renato Rabelo é presidente do Comitê Central do PCdoB

quinta-feira, 22 de março de 2012

Lei Geral da Copa: a oportunidade de construir uma Copa popular




A repercussão do adiamento da votação da Lei Geral da Copa tem reduzido a construção grandiosa que o movimento estudantil nacional, alguns parlamentares e o ministro dos Esportes Aldo Rebelo realizaram até aqui. Focado apenas no quesito “liberação do consumo de bebidas alcoólicas” nos estádios de futebol, que supostamente teria jogado a votação para frente, o tedioso Partido da Imprensa Golpista (PIG) ignora os “pormaiores” do que a tal Lei representa para o Brasil e para a realização da Copa do Mundo ao longo da história.

Firmes na cruzada de promover um agendamento que reduz toda e qualquer iniciativa política à mediocridade, o PIG faz uma cobertura que impede o povo de visualizar que estamos em vias de construir a Copa mais popular de toda história. Três fatores, dentre outros, apontam para esse sentido: cota de ingressos para deficientes, iniciativa do deputado federal e craque de 1994 Romário, a meia-entrada para estudantes, pautada com o vigor militante da UNE e da UBES, e a participação de indígenas, apresentado pelo ministro Aldo Rebelo.

As empreitadas acima citadas também vão na contra-mão do que costuma fazer a FIFA. A organização é conhecida por interferir na legislação dos países-sede com o objetivo de resguardar o interesse milionário de grandes marcas do esporte. Fincar os pés de maneira confortável das multinacionais desportivas no solo desses países é também a maneira que a cúpula da entidade mundial do futebol encontra para enriquecer com facilidade. A CPI do futebol em 2001 comprovou que o presidente da CBF Ricardo Teixeira e o então presidente da FIFA João Havelange utilizaram offshores em paraísos fiscais para lavar milhares de dólares que “milagrosamente” chegavam em suas contas.

Aliás, os principais motivos para que a votação ainda não tenha ocorrido são justamente os choques oriundos entre o liberalismo da FIFA e a tentativa de garantir o interesse público e popular da Copa no Brasil. Muito diferente do que o PIG tem disseminado esses dias.

A cerveja, nesse caso, no máximo deve servir para brindar a conquista de mais uma vitória do povo. E isso para os que gostam de comemorar dessa forma!

Mídia pública deve representar diversidade, dizem debatedores

Extraído do Portal Vermelho


Palestrantes do seminário internacional “Regulação da Comunicação Pública” defenderam nesta quinta-feira (22) que os meios de comunicação públicos devem combater o preconceito de gênero e a discriminação de pessoas por etnia, cor e raça.

No evento promovido pela Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão (Frentecom) e pela Secretaria de Comunicação Social da Câmara, os debatedores também destacaram que esses meios devem representar, em sua programação e em seu quadro de pessoal, a diversidade da sociedade brasileira.

Para a representante da Comissão Nacional de Jornalistas pela Igualdade Racial (Conajira), Juliana Cézar Nunes, os meios de comunicação públicos devem ser aliados da sociedade no combate ao racismo. Ela informou que estudo demonstrou que apenas 6% dos apresentadores e apresentadoras das emissoras públicas são negros. De acordo com a debatedora, as emissoras públicas têm observado os resultados desse estudo, que precisará ser refeito. Ela defendeu cotas de profissionais negros nas empresas de mídia pública.

Mulheres

Segundo a integrante da Rede Mulher e Mídia Ana Veloso, as empresas públicas de comunicação têm o papel de pautar a luta pelos direitos humanos, promovendo, por exemplo, o debate de gênero, de raça e de classe. De acordo com a palestrante, as políticas públicas para o setor de comunicação e o marco legal do setor têm que levar em conta essas questões. Segundo ela, deve-se garantir, por exemplo, que a imagem da mulher seja sempre veiculada com pluralidade, diversidade e sem reprodução de estereótipos. “As mulheres ainda são tratadas prioritariamente pela mídia ou como consumidoras ou como objeto sexual”, disse.

A palestrante manifestou ainda preocupação com a sublocação da grade de programação de emissoras de TV para a divulgação de programação religiosa, fomentando o fundamentalismo religioso. “Isso viola a Constituição, e não há nenhuma forma de debate social sobre isso”, disse. “Vivemos em um Estado laico”, complementou.

Culturais locais e trabalhadores

O coordenador-geral da Federação Interestadual dos Trabalhadores em Radiodifusão e Televisão (Fitert), José Antônio de Jesus da Silva, também defendeu que os meios de comunicação públicos contemplem a pluralidade cultural, de gênero, de classe e regional brasileira, com valorização das culturas locais. “O sistema público de radiodifusão deve atender a toda a sociedade brasileira, inclusive à que mora nos lugares mais longínquos, e não pode se concentrar no eixo Sul-Sudeste”, disse.

“Os movimentos sociais e os movimentos dos trabalhadores querem ter espaço e voz nas emissoras públicas”, defendeu ainda. “Não temos acesso a tudo que é público”, completou.

Produções independentes

O assessor da Associação Brasileira de Produtoras Independentes de Televisão (ABPI-TV), Rodrigo Santos, afirmou que a TV pública brasileira – a TV Brasil – vem privilegiando, em sua programação, produções nacionais e que firmou uma série de parcerias com produtores independentes. Segundo ele, isso possibilitou um novo espaço de divulgação para esses produtores de conteúdos audiovisuais sem vínculo com emissoras de TV. “A mídia pública, como parceira da produção independente, tem o papel de mostrar a importância da produção realizada fora dos canais”, afirmou.

Santos lembrou que a recém-aprovada Lei 12.485/11, ainda em fase de regulamentação, estabelece cota de produção independente nacional em todos os canais de filmes e seriados da TV por assinatura. “Essa cota ainda é muito tímida; ela é cumprida com apenas um filme por semana ou duas séries”, disse. Ele defendeu cotas maiores. De acordo com o palestrante, todos os países com indústria audiovisual desenvolvida, como os Estados Unidos, Canadá e França, têm ou já tiveram cotas para produções nacionais e independentes.

Fonte: Agência Câmara de Notícias

segunda-feira, 12 de março de 2012

Isis Tavares: Antes que seja tarde




Passados alguns meses e vários paredões, a polêmica do susposto estupro que marcou o início do Big Brother Brasil 12 arrefeceu. Um excelente artigo da presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher (CEDIM) e Secretária de Relações de Genêro da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Isis Tavares (foto acima), publicado na revista de circulação nacional "Mátria", faz, contudo, que retomemos o assunto.

Confira abaixo. Vale a pena!



Com força e com vontade
A felicidade há de se espalhar
Com toda intensidade...
... Há de fazer alarde
E libertar os sonhos
Da nossa mocidade
Antes que seja tarde
Há de mudar os homens
Antes que a chama apague
Antes que a fé se acabe
Antes que seja tarde”. (Ivan Lins e Vitor Martins)

A repercussão nas redes sociais de uma suposta tentativa de estupro no programa Big Brother Brasil 12, da rede Globo de televisão, traz à tona discussões importantes e inadiáveis. Reporto-me a esse fato pelo nível dos comentários de homens e mulheres de idades variadas acerca do ocorrido no Twitter e Facebook.

Para garantir as cifras arrecadas pela Globo com as votações e o merchandising do programa, chegamos ao limiar da barbárie com Pedro Bial tentando descaracterizar o provável estupro como crime. E o pior: criou opinião! Chamou o possível sexo sem sentimento de “amor”.

Ao longo da história da humanidade, mulheres foram, e ainda são, vítimas das piores humilhações. Foram, e ainda são, barbaramente torturadas e assassinadas para terem, hoje, o direito de reivindicar, na lei e na vida, igualdade.

Felizmente, os blog’s e sítios da internet que debatem o que é veiculado pela grande mídia fizeram o contraponto e um acalorado debate foi travado. Mas por que, com todas as críticas ao programa externadas por muitos (as) como “baixaria”, “porcaria” e outros adjetivos equivalentes, ele está na sua 12 edição?

Por que, apesar dos debates com educadores e representantes da própria imprensa, que concordam com a baixa qualidade da programação ofertada à população, essas empresas de comunicação continuam com esmero a despejar o lixo midiático que produzem nossos lares?


Este é um debate que não podemos postergar!


O que assistimos é a manipulação da opinião pública e a mercantilização das emoções. O consumismo celebrado com endereço certo e por faixa etária e social induz inclusive jovens em formação, que estão mais vulneráveis a determinados comportamentos estereotipados.

Por trás de programas como o BBB existe uma indústria de entretenimento impulsionada pelo mercado que cria as necessidades mais improváveis nas mais diferentes pessoas, como comprar o pay-per-view, todas as revistas com as fotos com e sem roupa dos (as) participantes, as marcas dos alimentos da “casa”, etc.


Isso é indispensável para se viver bem, com qualidade de vida?


Até quando ficaremos passivas (os) assistindo os donos das empresas de comunicação, em especial de TV’s , decidirem o que gostamos de assistir e deixaremos que nossas (os) filhas (os) assistam?

Até quando deixaremos a grande mídia nos teleguiar, interferir no que interessa ao mercado e deixaremos de lado o que realmente interfere no rumo de nossas vidas?
Nós queremos o lixo midiático que é despejado diuturnamente nos nossos lares?
Em pouco tempo, os empresários das necessidades improváveis não medirão esforços para fazer um programa interativo em tempo real, nesses moldes!

Liberdade de escolha restringe-se a assistir o que nos é vendido como “o melhor”, simplesmente desligar a TV por falta de opção ou criar condições de decidir o que assistimos?

Por que a mídia convencional vocifera contra o Conselho de Comunicação e o Marco Regulatório das Comunicações, como tentativa de censura e ataque à liberdade de imprensa, constantemente vai à justiça para tirar do ar os blog’s que manifestam opinião contrária aos seus editores e reportagens?

A quem não interessa a responsabilização e a democratização dos meios de comunicação?
Hoje, apesar da importância e relevância dos mais variados sites, portais, rádios comunitárias e blogs, a imprensa alternativa tem dificuldades para conseguir financiamento. Enquanto a maior parte dos recursos de publicidade oficial ainda é destinada aos canais da mídia convencional.

A Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara Federal instalou uma subcomissão só para cuidar desse tema em 2012, o presidente da subcomissão será o deputado Júlio Campos (DEM-MT) e a relatora, a deputada Luciana Santos (PCdoB-PE). Entretanto, precisamos ir além disso para garantir a liberdade de expressão e o direito à comunicação de todos e todas. É preciso promover e realizar mudanças no sistema midiático do nosso país.

A comunicação é um direito! E todos e todas devem ter esse direito garantido com a melhor qualidade possível!

Diante dos ataques de grande mídia às famílias brasileiras, as redes sociais foram ocupando o espaço não alcançado nos meios convencionais.

Hoje, a internet tornou-se um meio necessário e importante para a comunicação. É por meio dela que o cidadão questiona, põe em xeque e até consegue, de certa forma, mudar o comportamento da mídia tradicional, vide o caso do próprio BBB12, com a expulsão do acusado do suposto estupro.

Embora seja um direito da população – que paga caro pelo acesso à rede e gera lucro, já que se trata de um produto altamente rentável -, as empresas de telecomunicações ainda oferecem um serviço de internet de péssima qualidade, com intermitência de sinal, lentidão e apagões.

Uma tentativa de mudar esse quadro foi sugerida, em 2009, durante a Conferência Nacional de Comunicação, que caracterizou a Banda Larga como um direito fundamental a ser garantido pelo Estado. No entanto, a definição não saiu do papel até hoje. Os artigos da Constituição Federal que tratam dos meios de comunicação não foram regulamentados até este momento.

Bandeiras como a democratização dos meios de comunicação, a garantia da liberdade de imprensa, a universalização do acesso e a liberdade de internet, o fortalecimento do sistema público e das mídias comunitárias, a valorização e promoção da cultura nacional e sua diversidade, a criação de mecanismo de proteção à infância e à adolescência sobre o conteúdo veiculado nas programações e de responsabilização das concessionárias pela violação dos direitos humanos devem estar na pauta dos movimentos sociais, em especial dos trabalhadores e das trabalhadoras em educação, que são constantemente atacados (as), ridicularizados (as) e responsabilizados (as) pelas mazelas da educação.

A sala de aula é um espaço privilegiado de discussão, sensibilização e formação. É nosso papel fomentar esse debate.

Acreditamos que a história acabou? Que o mundo do jeito que está foi o melhor que a raça humana conseguiu produzir?

Acredito que, com unidade, com força e com vontade, nossa luta há de se espalhar com toda intensidade e há de promover as mudanças que precisamos para o mundo que queremos.

terça-feira, 6 de março de 2012

Ficha Limpa: o possível início de um ótimo capítulo na política brasileira




O mês de fevereiro já se foi, mas marcará a política nacional por muito tempo. A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), tomada no dia 16, de validar a Lei da Ficha Limpa reafirma os indicativos mudancistas no Brasil, renova as esperanças de moralização da coisa pública e descortina um cenário de vasta renovação entre os atores que protagonizam o processo político no país.

Dentre tantos elementos positivos a ser extraído da Ficha Limpa, certamente o maior é o fato de ter dilatado o sentimento já presente na população de que prosseguimos a longa caminhada de transformação do Brasil. Se para chegar até aqui tivemos que comemorar uma década de governo progressista, agora fica expressa uma conquista que nasceu do povo e volta-se para ele, já que milhões de brasileiros e brasileiras subscreveram a Lei que joga por terra o cenário de impunidade que predominou durante tanto tempo. Ou seja, eleva-se a auto-estima com a política que vem sendo aplicada desde 2002, mas agora também se sorrir para o modus operandi do “fazer política” no Brasil, cujas distorções finalmente podem ter o fim que tanto se desejou.

A busca pelo zelo com a coisa pública passa a ser interpretada de outra forma. E quanto a isso, a lição que vem das ruas pode muito bem ser endereçada aos senhores de engenho da mídia nacional. Fica claro a partir daqui que é completamente desprezível o tribunal de inquisição montado por ataques jornalísticos para macular imagens e derrubar reputações, independente dos trâmites políticos e jurídicos. E principalmente quando as motivações para isso são meramente conservadoras e elitistas. A aprovação da chamada Lei da Ficha Limpa demonstra que a evolução qualitativa da política se faz por dentro das instituições públicas e que a ruptura com práticas nocivas dentro delas são feitas com pressão popular. Ao jornalismo cabe noticiar isso.

Além disso, abre-se uma grande possibilidade de renovação entre os líderes políticos de cada região. Só no Amazonas, caíram na malha da Ficha Limpa nada mais nada menos que 168 ex-prefeitos e 31 atuais prefeitos, segundo cálculos do Jornal Amazonas em Tempo. Esses não poderão disputar as futuras eleições. É sabido que muitos já passam a buscar filhos, sobrinhos, irmãos, etc., para projetá-los nos embates eleitorais a fim de garantir a manutenção de seus interesses nas esferas de poder, por outro lado, este cenário pode ser desbravado de outra maneira: com a renovação de grupos e agentes políticos em cada cidade desse Brasil, fazendo com que, além dos nomes, as práticas e as perspectivas políticas no nosso país venham ser renovadas também.

Fevereiro, portanto, abriu um novo capítulo na política brasileira. E é preciso que ele venha ser preenchido com a cara do povo e à maneira da juventude.

Sou jovem, MULHER, sou da UNE!




Reproduzo abaixo excelente artido da Diretora de Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE), Maria das Neves (foto acima), sobre a condição das mulheres nas atuais contradições da sociedade. (Extraído do site www.une.org.br)



A UNE nunca se furtou a realizar os grandes debates nacionais e a lutar lado a lado dos segmentos historicamente taxados como “minorias”, como as mulheres. Porém, essa dita “minoria” só se expressa na ocupação dos espaços de poder, pois a mulher brasileira representa mais de 50% do eleitorado, ocupamos 55,1% das vagas do ensino superior presencial e 69% das vagas de ensino a distância. A base da UNE é massivamente feminina! Portanto a luta das mulheres também é a luta da UNE.

MULHER NA UNIVERSIDADE: CRECHE JÁ!

Para muitas mulheres o sonho de fazer um curso superior já chegou, mas permanecer na universidade é um desafio cotidiano. Uma parcela significa das jovens que estão na universidade ou fora dela são mães e afirmam: a falta de creches dificulta a permanência na universidade. O resultado disso é uma disputa cada vez mais desigual no mercado de trabalho. Apesar da presença da mulher continua crescendo no mercado formal de trabalho, mas permanece a desigualdade salarial entre homens e mulheres, mesmo entre os mais escolarizados.

A creche é para as mulheres brasileiras não apenas uma bandeira justa, mas necessária para sua emancipação. Atualmente, menos de 20% das crianças até 3 anos têm acesso a esse serviço no país. A UNE deve engrossar o coro por esta conquista e incluir como uma proposta de assistência estudantil. As mulheres representam 53,6% da PEA (População Economicamente Ativa), portanto assegurar a permanência da mulher na universidade é contribuir com o desenvolvimento do Brasil.

8 DE MARÇO E A CRISE

A crise internacional do capitalismo acentua as desigualdades sociais e entre tantos malefícios levam a precarização dos salários, relegando as mulher sua mais dura face. No Brasil, apesar dos avanços e de termos uma mulher no comando central do país chegando a uma década de governos progressistas, muito ainda precisa ser feito para de fato empoderar as mulheres. Igualdade salarial, maior participação na política e o combate a violência contra a mulher são alguns dos desafios.

O corte no orçamento de 55 bilhões anunciados pelo governo vão na contra mão do desenvolvimento nacional, impactando diretamente em áreas estratégicas como a educação, que em 2011 e 2012 sofreu um corte de 3,1 bilhões e 1,9 bilhões respectivamente. O governo anunciou, por exemplo, a construção de 6.427 creches até 2014. Em 2011, nenhuma unidade foi entregue! #CrecheJá

ELEIÇÕES 2012: LUGAR DE MULHER É NA POLÍTICA!

As mulheres representam 52% do eleitorado brasileiro, mas sua presença no parlamento não corresponde a essa realidade. Na Câmara dos Deputados, as mulheres representam 8,7% do total de 513 cadeiras, no Senado apenas 12 mulheres de 81 vagas. Em 2008, nas eleições municipais apenas 6.508 foram eleitas para as câmaras contra 45.498 e das 5.530 prefeituras do país, somente 506 foram ocupadas por mulheres. Este é o ano que de começar a virada!

A violência contra a mulher e a falta de creches, são alguns dos problemas que mais atingem as mulheres na maioria das cidades brasileiras. Segundo levantamento da SPM, de cada dez mulheres no Brasil, quatro já foram vítimas de violência contra a mulher. A Lei Maria da Penha foi uma grande conquista. Mas, assegurar sua efetivação é garantir a implementação de equipamentos como a criação das delegacias da mulher, das varas especializadas em crimes contra a mulher, das casas abrigos e centros de referência para receber a mulher vitimada e reinseri-la na sociedade.

Vamos mudar essa realidade e a cara das cidades brasileiras elegendo mulheres comprometidas com o projeto nacional de desenvolvimento e com políticas públicas para as mulheres.

É hora de virar esse jogo, mulher seu lugar é na política!

REFORMA POLÍTICA

Este ano comemoráramos 80 anos da conquista do voto feminino. Mas, só uma Reforma Política democrática pode assegurar uma maior participação da mulher no parlamento. É necessário avançarmos no debate, sobre um sistema de lista fechada com alternância dos nomes entre homens e mulheres e financiamento público de campanha. Hoje se quer os 5% do fundo partidário que deveriam ser aplicados para a formação de mulheres são investidos corretamente. Muitos partidos ainda tratam as candidaturas femininas como “laranjas” apenas para cumprir as cotas não garantindo a viabilidade dessas candidaturas.

A UNE marchará lado a lado dos movimentos de mulheres enraizando essa luta dentro de cada universidade. E unindo nossas vozes em um só coro alcançaremos muitas vitórias. Construir uma sociedade justa, igualitária e livre de todas as formas de opressão também é uma luta nossa!

Por que Sou jovem, MULHER sou da UNE!


* Maria das Neves é Diretora de Cultura da UNE, membro do Conselho Nacional de Juventude e coordenadora de jovens mulheres da UBM.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Ismael Cardoso: Terá fim “El baile rojo” na Colômbia?


Publico artigo do meu companheiro e secretário nacional de comunicação da UJS, Ismael Cardoso (foto acima), sobre a atuação das FARC na Colômbia.

Obs: Extraído do Portal Vermelho


Nota oficial das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (FARC-EP), foi divulgada no dia 27 de fevereiro, nela consta a entrega dos últimos seqüestrados civis do movimento guerrilheiro.

Por Ismael Cardoso*

Não entrarei nos porquês da existência de uma guerrilha no território colombiano. As motivações são iguais a todos os movimentos guerrilheiros que pipocaram no século passado no mundo: a luta pela libertação popular, esta é a causa sui generis. Entretanto não faço aqui uma defesa do movimento guerrilheiro, o que a Colômbia precisa é de paz para que seu povo possa seguir o caminho do desenvolvimento e independência que vive outros países da América Latina.

As tentativas de negociar a paz

Não é de hoje que ocorrem tentativas de uma paz negociada, onde os guerrilheiros entregam suas armas e retornam a legalidade. Entretanto, sempre que entregaram suas armas foram cruelmente chacinados.

No governo de Belisário Betancur (1982-1986) iniciaram-se as negociações entre o Estado e os diversos movimentos guerrilheiros. Estas negociações fracassaram e em 1992 o governo declarou guerra integral.

No governo de Andrés Pastrana (1998-2002) as negociações de paz ganharam mais concretude. Pastrana chegou a defender ações avançadas, ele dividiu o drama colombiano da seguinte maneira: de um lado camponeses pobres — que como em todo país andino tem a cultura do plantio de coca — sem alternativa por falta de projetos estatais, de outro lado os verdadeiros traficantes que compram a folha de coca e realizam todo processo de produção da cocaína e, por último, uma guerrilha ideológica. Por tanto, para Pastrana a atuação governamental deveria ocorrer no primeiro caso com incentivo a criação de alternativas aos camponeses, no segundo caso combatendo os traficantes e, em terceiro lugar uma negociação política para que os guerrilheiros entregassem as armas.

“Me refiero a la decisión... de viabilizar la alternatividad productiva... esa erradicación debe complementarse com una estrategia consensuada entre la insurgencia, la comunidad internacional y el Estado colombiano.” [1]

Pastrana foi devidamente enquadrado pelo EUA através do “Plano Colômbia”. A partir de então o termo a ser usado seria “narcoguerrilha”, colocando em pé de igualdade a ser combatido, tanto os camponeses produtores, como os guerrilheiros.

O plano Colômbia tem metas muito duvidosas. Por exemplo: “82% de la ayuda militar de EUA va dirigido a golpear a los cultivadores que participan del 0,67% de precio de venta de las calles de Frankfurt y uma insurgencia que beneficia del 1% del jugoso volumen aprovechado por las organizaciones del narcotráfico. Qué sucede entoces, perguntamos, com el crimen organizado que se beneficia del 99% del capital exportador de cocaína?” [2].

Outro aspecto estranho no plano Colômbia é a possibilidade do presidente dos EUA poder deslocar, sem consulta ao congresso nacional, qualquer número de tropas naquela região, caso considere alguma ameaça grave a suas bases já instaladas no território.

A operação Baile Rojo

Em 1985 nos marcos do diálogo das Farc com o governo de Belisário Betancur, fundou-se a União Patriótica (UP), um partido político legalizado, onde ingressaram todas as lideranças guerrilheiras sem armas, pois, tiveram garantias do Estado colombiano de sua integridade física. Parecia nascer neste momento a solução definitiva dos conflitos na Colômbia.

A União Patriótica foi às ruas e participou das eleições de 1986. Alcançaram êxitos jamais conseguidos por nenhuma força de oposição, elegeram 12 deputados, nove congressistas, 14 prefeitos e 350 conselheiros nacionais, entre os deputados, elegeram-se dois comandantes das Farc que haviam entregado as armas.

Passadas as eleições começa a ser executado um plano que seria denunciado no âmbito internacional, chamado El baile rojo. Consistia em assassinar todos os membros da UP que haviam sido eleitos naquele ano de 1986. Ao final do ano de 1989 haviam sido assassinados dois candidatos a presidente, Jaime Pardo Leal (1986) e Bernardo Jaramillo (1989), oito congressistas, 11 prefeitos e milhares de seus militantes.

Não poderia haver outra consequência para tamanha atrocidade: os guerrielheiros que haviam abandonados suas armas voltaram para as matas e o conflito se reiniciou com toda força e brutalidade.

O massacre permanece

No final do ano de 2011, tive a honra de representar a UJS no congresso da Juventude Comunista Colombiana (Juco) e me impressionou um ato que devia ser uma homenagem aos militantes da Juco que saiam do trabalho de juventude naquele congresso e passariam ao trabalho partidário, no Partido Comunista Colombiano (PCC), entretanto, o ato se transformou numa emocionante homenagem aos últimos militantes da Juco que haviam sido assassinados, entre eles, uma jovem de apenas de 16 anos de idade! Pergunto, “El baile rojo” terminou?

A verdade é que o governo colombiano não tem interesse na paz, com o argumento da “narcoguerrilha”, ampliam o massacre as forças de esquerda — diga-se de passagem que o PCC é um partido legalizado, mas, isso não impede o governo de matar seus militantes — e, no limite, não podem permitir que uma corrente política tão poderosa, que num suspiro de liberdade pôde eleger tantos parlamentares e que ganhou a simpatia do povo com seus candidatos a presidente, atue de maneira livre. Este é um risco que eles não querem correr.

Os países da América Latina precisam participar decididamente das negociações de paz, caso contrário, o massacre continuará, dando argumento para ampliação das bases militares estadunidenses em nosso continente. Como se diz na Juco: “por nossos mortos nenhum minuto de silêncio, mas, uma vida inteira de lutas”.

* Pastrana, Andrés. El plan Colômbia: uma Gran Alianza com el Mundo contra el delito Interncional, por los Derechos Humanos, los Derechos Sociales e por la Ecología. 22 de outubro de 1998.

** Cycedo, Jaime. Paz democrática y emancipación. Colômbia em la hora latinoamericana. Presidente de Partido Comunista Colombiano

*Ismael Cardoso é secretário nacional de Comunicação da UJS

Uma definição sobre o papel da blogosfera progressista




Durante solenidade de lançamento da sede do Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé, o presidente da organização, Altamiro Borges (foto acima), concedeu entrevista ao Portal Vermelho e tratou sobre assuntos diversos relacionados à luta pela democratização da mídia. Na oportunidade, apontou os ganhos e os limites da blogosfera progressista, que tem jogado papel fundamental para dinamizar a publicação de fatos e opiniões na sociedade. Confira abaixo o trecho da entrevista:



Vermelho - Agora essa coisa da hegemonia, da mídia tradicional, ela é muito alavancada pela publicidade, já que a mídia alternativa vem crescendo muito. Você acha que existe uma trincheira da publicidade. O mercado publicitário é que segura a mídia como ela é hoje, no formato broadcast?.

AB - Eu acho que estamos vivendo uma situação contraditória. Essa chamada mídia tradicional, a velha mídia, ainda tem muita força. Quando a Rede Globo decide, por exemplo, dar uma cutucada no Ricardo Teixeira e aí vira um escândalo. Ela tem muita força no sentido de fazer a cabeça das pessoas na informação e nos comportamentos. A mídia cria moda. O que sai no BBB (Big Brother Brasil, da Globo) vira moda. Eu não sou daqueles que acreditam que a mídia tradicional está em flanco declínio, morrendo. Não. Ela ainda tem um poder violentíssimo em tudo. Jornais conseguem pautar as rádios e TVs, e estas, enquanto comunicação de massa, mexe com milhões de pessoas. As novas tecnologias de informação criaram uma brecha. Permitiram uma guerrilha informativa onde sites, blogueiros e pessoas nas redes sociais se mobilizam. E é o que somos perto da mídia tradicional,que é o exército regular. Estamos praticamente de tacape. Mas já incomodamos e cria uma certa crise de modelo de negócios dessa mídia tradicional, que está perdendo. Recentemente faliu mais um jornal público na Europa. Já há um processo de queda de tiragem dos jornalões e há um processo de migrações nas televisões, principalmente entre a juventude que está trocando a TV pela internet. Isso cria uma brecha, que também não é totalmente ocuapda pela gente. É ocupada por eles. A editora abril, por exemplo, o portal está mais forte do que as revistas. Sabe quantos visitantes únicos tem a Veja? Cinco milhões e 800 mil visitantes únicos. Nós não concorremos com isso. Não é que as novas tecnologias vieram e eles viraram as costas. Pelo contrário. Por isso que digo que essa guerrilha ainda é muito pequena. Mas, é muito melhor do que antes para a mídia alternativa, porque antes eles tinham tudo. Existem algumas ocupações nesse latifúndio midiático. Agora, nós vamos ter que crescer muito. Isso tem a ver com mudança de legislação. Por isso é tão importante debater o marco regulatório. Terá que mexer nas estruturas, como a questão da publicidade. Em alguns países, fruto pela própria luta contra o nazifacismo , durante a segunda guerra mundial, você tem em alguns países estímulos à diversidade e pluralidade informativa, na publicidade. Na Itália, por exemplo, 20% da verba destinada pelo governo à publicidade, é dedicada a estimular a diversidade informativa. Se tivéssemos no Brasil, a verba oficial do governo federal é R$ 1 bilhão e 400 milhões, ou seja, seriam R$ 280 milhões de reais para Vermelho, Carta Maior, etc... algo parecido com o que já acontece com o mercado de livros didáticos no país. E isso tem relação direta com mudança na legislação.