sábado, 29 de outubro de 2011

Organizados em encontro mundial, blogueiros aprovam Carta de Foz do Iguaçu

Confira a íntegra da "Carta de Foz do Iguaçu", aprovada por blogueiros de 17 estados brasileiros e de 23 países durante o I Encontro Mundial de Blogueiros Progressistas:


O 1º Encontro Mundial de Blogueiros, realizado em Foz do Iguaçu (Paraná, Brasil), nos dias 27, 28 e 29 de outubro, confirmou a força crescente das chamadas novas mídias, com seus sítios, blogs e redes sociais. Com a presença de 468 ativistas digitais, jornalistas, acadêmicos e estudantes, de 23 países e 17 estados brasileiros, o evento serviu como uma rica troca de experiências e evidenciou que as novas mídias podem ser um instrumento essencial para o fortalecimento e aperfeiçoamento da democracia.
Como principais consensos do encontro – que buscou pontos de unidade, mas preservando e valorizando a diversidade –, os participantes reafirmaram como prioridades:

- A luta pela liberdade de expressão, que não se confunde com a liberdade propalada pelos monopólios midiáticos, que castram a pluralidade informativa. O direito humano à comunicação é hoje uma questão estratégica;

- A luta contra qualquer tipo de censura ou perseguição política dos poderes públicos e das corporações do setor. Neste sentido, os participantes condenam o processo de judicialização da censura e se solidarizam com os atingidos. Na atualidade, o WikiLeaks é um caso exemplar da perseguição imposta pelo governo dos EUA e pelas corporações financeiras e empresariais;

- A luta por novos marcos regulatórios da comunicação, que incentivem os meios públicos e comunitários; impulsionem a diversidade e os veículos alternativos; coíbam os monopólios, a propriedade cruzada e o uso indevido de concessões públicas; e garantam o acesso da sociedade à comunicação democrática e plural. Com estes mesmos objetivos, os Estados nacionais devem ter o papel indutor com suas políticas públicas.

- A luta pelo acesso universal à banda larga de qualidade. A internet é estratégica para o desenvolvimento econômico, para enfrentar os problemas sociais e para a democratização da informação. O Estado deve garantir a universalização deste direito. A internet não pode ficar ao sabor dos monopólios privados.

- A luta contra qualquer tentativa de cerceamento e censura na internet. Pela neutralidade na rede e pelo incentivo aos telecentros e outras mecanismos de inclusão digital. Pelo desenvolvimento independente de tecnologias de informação e incentivo ao software livre. Contra qualquer restrição no acesso à internet, como os impostos hoje pelos EUA no seu processo de bloqueio à Cuba.

Com o objetivo de aprofundar estas reflexões, reforçar o intercâmbio de experiências e fortalecer as novas mídias sociais, os participantes também aprovaram a realização do II Encontro Mundial de Blogueiros, em novembro de 2012, na cidade de Foz do Iguaçu. Para isso, foi constituída uma comissão internacional para enraizar ainda mais este movimento, preservando sua diversidade, e para organizar o próximo encontro.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Blogueiros reúnem-se em encontro mundial



Mais de 500 internautas ativistas de 16 estados do Brasil e de vários países do mundo participam do I Encontro Mundial de Blogueiros, que ocorre até amanhã (29) em Foz do Iguaçu. Os painéis acontecem no cineteatro Barrageiros, situado na área onde está a usina binacional de Itaipu. Além dos blogueiros, estudantes da UNILA acompanham a atividade cuja programação traz nomes como Luis Nassif, Kristinn Hrafnsson, porta voz do Wikileaks, Pepe Escobar, Ignacio Ramonet e muitos outros.

O debate sobre a democratização dos meios de comunicação e os problemas decorrentes da concentração dos meios de difusão de notícias nas mãos de poucos grupos empresariais são as principais pautas em discussão. Além disso, a preocupação com os ataques à liberdade de expressão também é bastante mencionado pelos organizadores, participantes e palestrantes.

O público presente traz algumas peculiaridades. O encontro reúne a maior quantidade de notebooks, Ipad’s, tablets, Iphones e smartphones já vistos numa atividade do movimento social. São tantos aparelhos que há um “engarrafamento” em torno das tomadas espalhadas pelo cineteatro, muito procuradas para abastecer as respectivas baterias.

Mas não é só com as tecnologias que os participantes são afinados. O debate político sobre a comunicação e o papel dos blog’s na ampliação e na diversificação das fontes de notícias são discutidos com profundidade.

Até o final do encontro, representantes da Al Jazeera e blogueiros de Cuba, Egito e Índia falarão sobre suas experiências.

domingo, 23 de outubro de 2011

Twittaço para combater Amazonino Mendes e celebrar Manaus

A União da Juventude Socialista (UJS) no Amazonas lançou mão da convocatória para um twittaço com as tag's #ForaAmazonino #ParabensManaus, a partir das 15h dessa segunda-feira (24), por conta do aniversário de 342 anos de Manaus e a crítica à gestão de Amazonino Mendes na prefeitura da cidade.

Confira abaixo o texto divulgado pela organização:

Twittaço para combater Amazonino Mendes e celebrar Manaus

Fala galera,

Nesta segunda-feira (24), nossa cidade celebra 342 anos. Apesar da data sugerir comemoração, a gestão do prefeito Amazonino Mendes não deixa margem para tanto. Por isso, convocamos todos para um twittaço, a partir das 15h de 24 de outubro, a fim de expressar a indignação com o descaso do prefeito, mas sem esquecer de registrar nossas felicitações com a bela cidade onde moramos. Vamos todos de #ForaAmazonino e #ParabensManaus.

O aumento injusto e exorbitante da tarifa do transporte coletivo para R$ 2,75 às vésperas do aniversário da cidade talvez seja o maior exemplo do olhar de Amazonino com a cidade e, principalmente, com sua população. Mas não é o único.

Nos últimos anos, ele mandou sua tropa da guarda municipal receber estudantes na Câmara de Vereadores para garantir o corte da meia passagem, lançou a taxa do lixo, irá entregar nas mãos de algumas empresas o que até então é espaço público, como praças e feiras, insultou pessoas vindas de outros estados e que enriquecem culturalmente a cidade e assim por diante.

Por outro lado, Manaus é muito mais do que um prefeito desumano e desinteressado em resolver os problemas da cidade. Afinal, é aqui onde se encontra um povo hospitaleiro e cordial; o misto do urbano, do teatro amazonas, com a natureza, dos balneários e praias; a culinária deliciosa com grande variedade de peixes e molhos; e extensa diversidade cultural de um lugar que aos poucos vai se tornando cosmopolita.

Não fique de fora. Participe e deixe seu recado. Ou melhor, seu twett!

#ForaAmazonino #ParabensManaus

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Governo e mídia chegam ao impasse

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Era inevitável e, como tudo que é inevitável, aconteceu: finalmente o governo Dilma Rousseff e a mídia, sem maior concurso da oposição, chegaram a um impasse. Diferentemente do que aconteceu com os ministros que foram derrubados nestes dez meses do novo governo, porém, o ministro Orlando Silva parece cheio de gás para enfrentar as acusações assacadas contra si.

Também à diferença do que aconteceu com a primeira pedra do dominó ministerial de Dilma que foi derrubada, o ex-ministro Antonio Palocci, o ministro dos Esportes tem o apoio integral de seu partido, enquanto que o ex-chefe da Casa Civil foi minado pelo próprio partido, ao que a mídia e a oposição acederam gostosamente.

Aliás, falando em partido, como o PC do B inteiro foi lançado na lama pelo PM milionário e pela revista que endossou cada uma de suas acusações, agora não se está mais querendo derrubar apenas um ministro, mas um partido aliado. Esse partido, porém, não é como as legendas de aluguel que tiveram ministros derrubados. É o PC do B, o aliado mais fiel do PT há muito tempo.

Então vamos ao impasse: se só a Veja tivesse assinado embaixo das denúncias do acusador de Orlando Silva e de seu partido, não seria nada. Mas a Globo e os jornalões aderiram ao endosso incondicional que a revista deu àquele acusador, inclusive anunciando fartamente as tais provas que ele prometeu apresentar ontem e não apresentou e uma decisão de Dilma sobre o caso que a presidente fez questão de desmentir peremptoriamente.

O governo sabe que se a mídia derrubar outro ministro no grito, sem provas, e expulsando da aliança governista um dos principais partidos, chegará a um ponto de fragilidade irreversível. Se ceder a chantagem tão grosseira, terá que se curvar sempre ou não conseguirá manter ministro algum no cargo, inviabilizando a administração do país.

A mídia continua fazendo ofertas veladas publicamente. Matérias dão a impressão de que pretende aceitar só a cabeça do ministro comunista e não pressionar pela retirada do ministério dos Esportes da área de influência do PC do B, mas o partido sabe que a queda do ministro, como este foi vinculado à agremiação nas acusações, representará prejuízos eleitorais irreparáveis, ano que vem.

Sabendo-se agora, graças ao ator José de Abreu, que o governo “negocia” com a mídia os ataques que dela sofrerá, essa “negociação” entre as partes acaba de mergulhar naquilo que no mundo dos negócios, por exemplo, chamamos de impasse.

A demissão do ministro simbolizará publicamente que ele e seu partido são corruptos e a mídia, após o que disse sobre essa demissão ser fato consumado, não pode aceitar situação inversa porque seria a própria desmoralização. Impasse, pois, é quando os negociadores não têm mais o que perder porque qualquer perda será prejuízo para si e lucro para o outro lado.

Agora a má notícia: em política, a conseqüência mais direta dos impasses freqüentemente costuma ser a guerra.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Estudantes pressionam e vereadores exigem devolução do dinheiro arrecadado pelas empresas de transporte

Na manhã de hoje (18), representantes da União Nacional dos Estudantes (UNE), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), União Estadual dos Estudantes do Amazonas (UEE-AM), União dos Estudantes Secundaristas do Amazonas (UESAM) e União Municipal dos Estudantes Secundaristas (UMES) estiveram na Câmara Municipal de Manaus (CMM) para cobrar uma ação dos vereadores pelo ressarcimento do excedente ganho pelas empresas do transporte coletivo no dia que operaram com tarifa de R$ 2,75.

Depois da pressão dos estudantes, uma comissão de vereadores ficou encarregada de ir ao Ministério Público Estadual (MPE) e dar vazão as exigências que lhes foram feitas. Na semana passada, as entidades estudantis entraram com uma representação no órgão e fizeram o apelo.

A discussão da planilha apresentada pelo executivo municipal para embasar o reajuste foi outra cobrança feita pelo movimento estudantil aos vereadores.

Confira a íntegra do documento que os estudantes apresentaram na CMM.


Toda luta pelo congelamento da tarifa do transporte coletivo e por mais qualidade no serviço


Vereadores,

As entidades do movimento estudantil que ora assinam esse documento exigem de todos que compõem a Câmara Municipal de Manaus um posicionamento mais firme sobre os abusos que o prefeito Amazonino Mendes comete contra o povo. Nos referimos ao aumento da tarifa do transporte coletivo e a maneira como ele trata o problema desse serviço.

Diariamente, milhares de pessoas são penalizadas pelo serviço precário que as empresas oferecem a nossa população. Ônibus velhos e numa quantidade insuficiente diante da demanda faz com que o ato de usar o transporte coletivo seja extremamente desconfortável. Isso levado em consideração também o longo tempo de espera para pegá-los e a enorme quantidade de pessoas dentro de cada um deles.

A cobrança que fazemos nessa oportunidade se dá em dois sentidos: o ressarcimento do valor a mais que as empresas arrecadaram no dia que operaram com a tarifa no valor de R$ 2,75 e a revisão da planilha apresentada na tentativa de justificar o aumento. A primeira, já formalizamos junto ao Ministério Público Estadual e pedimos que seja endossada por todos os vereadores a fim de que seja atendida. Já a segunda, exige um debate técnico e político maior e que precisa ser feito para que os dados apresentados pelo executivo municipal possam ser compreendidos. Duvidamos dos números apresentados nessa planilha e acreditamos que seja incompleta, já que só traz informações sobre os gastos das empresas e ignora sua arrecadação e, também, não apresenta itens que avalie a qualidade do serviço destinado ao usuário.

Destrinchar essa planilha é a chave para evitar os absurdos que o prefeito Amazonino insiste em potencializar contra o povo. E não vamos parar enquanto nossas reivindicações não forem atendidas, porque elas trazem o suor que cada um morador de Manaus derrame nos ônibus lotados e fétidos que utilizam diariamente. E mais do que isso, carregam a indignação de todo o nosso povo, que – esse sim – já não aguenta mais receber respostas que não vão ao encontro de suas necessidades. Ao contrário. Que só fazem aumentá-las.

Autor de “Dinho, herói da Amazônia” colhe frutos de entrevista



A entrevista que fiz, semana passada, com o autor do livro “Dinho, o herói da Amazônia” repercutiu bastante e espero que isso tenha o ajudado a encurtar os caminhos para publicar a obra. Quando gravei a entrevista com José Barbosa (foto acima), percebi nitidamente sua apreensão com as dificuldades. Em off, comentou sobre os desafios e relatou alguns detalhes sobre representantes de editoras que recuaram. Mas, na noite dessa segunda-feira (17), recebi uma ligação e notei que as coisas melhoraram.

Mais de 22h e eu em reunião quando toca o telefone e atendo sem reconhecer a voz. Do outro lado da linha, minha dúvida logo é tirada: “Anderson Bahia, é Barbosa. Tudo bem?” Ficou melhor quando ele continuou a falar. Disse que havia recebido a ligação de um conceituado jornal de Manaus e precisava da foto do Adelino Ramos no lançamento do seu livro “Desmatamentos, grilagens e conflitos agrários no Amazonas”. O motivo é que uma repórter confirmou encontrá-lo nesta terça (18) para fazer matéria à respeito do assunto abordado na entrevista, ocasião em que apresentará a tal fotografia.

Fiquei contente. A partir da iniciativa que tivemos, nossa conversou rodou por dezenas de blog’s e sites informativos com média de acessos variados. Dos maiores aos menores, o assunto correu. E, na ligação, me surpreendi que mesmo passado alguns dias a procura continua.

Dentre tantos que reproduziram a entrevista, destaco dois em especial. A blogueira Conceição Oliveira, do blog “Maria Frô”, postou o material assim que o recebeu e ainda contextualizou alguns detalhes. Nesse mesmo horário em que digito as letras que ora são lidas, descobri que os moderadores do blog “Institucional Adelino Ramos”, criado em homenagem ao líder camponês, fizeram o mesmo.

Disponibilizo os respectivos links abaixo e continuo no apelo para que Barbosa tenha sucesso nessa empreitada e que mais pessoas possam conhecer os dilemas do homem do campo e venham se engajar para reverter esse cenário.


Blog Maria Frô:

http://mariafro.com.br/wordpress/2011/10/13/%E2%80%9Cdinho-o-heroi-da-amazonia-simbolo-da-resistencia-de-corumbiara-assassinado-este-ano-vira-livro/


Institucional Adelino Ramos

http://institutonacionaladelinoramos.blogspot.com/2011/10/simbolo-da-resistencia-de-corumbiara.html#comments

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Campanha em defesa de Orlando Silva e a censura na internet




Ontem (16), centenas de jovens de todo Brasil se insurgiram contra mais uma onda de calúnias e difamações propagadas pelo chamado Partido da Imprensa Golpista (PIG). A revista Veja e a TV Globo se uniram para repercutir uma série de acusações contra o Ministro dos Esportes, Orlando Silva. Por trás, o olho da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) no comando da pasta e nos $$ que passou a administrar com a Copa 2014 e as Olimpíadas 2016.

Enquanto a TV dos Marinhos disparava sua artilharia, a juventude se manifestava no twitter. A campanha tomou tal proporção que durante 2h30 a tag #SouOrlandoSouBrasil ficou entre os primeiros nos Trending Topic’s, os assuntos mais comentados na rede social, no Brasil, e o quarto no mundo.

A adesão foi muito além do espontaneísmo despretencioso. Argumentos variados justificavam o porque da defesa do Ministro Orlando Silva. Historicamente ligado aos movimentos juvenis, tendo sido presidente da União Nacional dos Estudantes e da União da Juventude Socialista (UJS), a marca de compromisso com as tarefas assumidas, seriedade e honradez no cumprimento delas adquiridas em vários anos de militância fizeram com que muitos se manifestassem em sua defesa.

E não poderia ser diferente, já que o interesse de fundo com os ataques a Silva são facilmente compreensíveis a partir do olhar sobre o ganho de musculatura que a pasta liderada por ele ganhou nos últimos anos. Se em 2003 era apenas um órgão recém-criado para fortalecer as tímidas políticas públicas para a área, hoje o ministério ganhou extrema relevância para a política nacional. Principalmente com a preparação para receber os principais eventos desportivos do mundo e com a experiência de já ter realizado um Jogos Panamericanos.

Para além disso, interessante foi o fato ocorrido com vários jovens que denunciavam as ações escabrosas da grande mídia. Depois de algum tempo, várias pessoas disseram que seus perfis na rede social estavam travando. Se comprovado que isso tem ligação com a campanha, estamos diante de um fato terrível: a intervenção sobre conteúdos divulgados na rede.

Ambas as ocorrências chamam atenção para a necessidade de três pautas do movimento social: a aprovação de uma nova Lei de Imprensa, do Marco Regulatório da Comunicação e do Marco Civil da Internet!


Obs: Saudações ao vice AM-RR-RO-AC da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), Maick Soares, pela força na divulgação desse blog e pelo incentivo que nos traz!

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Estudantes dão aula de cidadania na luta pela redução da tarifa do transporte coletivo



Acompanhei, ontem (13), a manifestação organizada pelas entidades do movimento estudantil – União Nacional dos Estudantes (UNE), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), União Municipal dos Estudantes Secundaristas (UMES), União Estadual dos Estudantes do Amazonas (UEE-AM) e União dos Estudantes Secundaristas do Amazonas (UESAM) – contra o aumento da tarifa do transporte coletivo. Muita irreverência e combatividade por ali.

A concentração ocorreu na praça do Praça do Congresso.Devido à proximidade com o Instituto de Educação do Amazonas (IEA), situado bem em frente, dezenas de estudantes da escola saíram de suas salas para inverter o processo educacional e dar uma verdadeira aula de cidadania nas ruas. Junto com eles, estudantes de outras escolas do Centro da cidade, da Cidade Nova e de inúmeras universidades participaram da atividade.

Após uma hora concentrados com falações em carro de som, de 16h às 17h, os estudantes caminharam até o terminal de ônibus da avenida Constantino Nery (T1). No caminho, uma paralisação de 30 minutos no início da avenida Epaminondas, a fim de chamar a atenção da sociedade para o agravante do aumento da tarifa, justificada, segundo os estudantes, “por uma falsa renovação da frota de ônibus, maquiados por uma leve camada de tinta”.

A manifestação foi a terceira da semana. Desde segunda-feira (11), eles realizaram intervenções públicas em protesto contra o que consideram mais um absurdo do prefeito Amazonino Mendes. O saldo não poderia ser melhor: a justiça embargou o aumento e o povo continua a pagar R$ 2,25 nos ônibus.

Mais uma vitória do movimento estudantil a favor da sociedade. Conquista que vem por meio de uma série de atributos que os estudantes mostraram nas ruas: indignação por conta da injustiça social, alegria ao se reconhecerem à frente de um embate de todos, combatividade ao expressarem seus posicionamentos e politização para argumentar, de forma embasada, o motivo de estarem nas ruas e persuadir centenas de pessoas que ao longo da passeata fizeram questão de deixar um gesto de apoio. Houve, claro, àqueles mais preocupados com suas questões pessoais e reprovavam o que viam. Mas para cada um desses, pelo menos outros 50 deixavam aplausos e gestos de bom grado!

Parabenizo o movimento estidantil com as letras que cantava Mercedes Sosa:

“Que vivan los estudiantes,
Jardín de nuestra alegría,
Son aves que no se asustan
De animal ni policía...”

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Símbolo da resistência de Corumbiara assassinado este ano vira livro



Assassinado em maio deste ano, o líder camponês e sobrevivente do Massacre de Corumbiara Adelino Ramos tem sua história contada no livro “Dinho, o herói da Amazônia”. A obra vem das mãos de José Barbosa de Carvalho, engenheiro agrônomo com forte ligação junto aos movimentos rurais. Este singelo blogueiro conversou com o autor sobre a vida do homenageado, o Movimento Camponês Corumbiara (MCC) e as dificuldades para publicar a obra, já que na região até quem escreve sobre a questão agrária sofre represália. Barbosa que o diga. No lançamento do seu último livro, teve a própria casa queimada. Mas assim como Dinho, insiste no desafio. Confira a entrevista:


- O que motivou você a escrever sobre o Adelino Ramos?

Barbosa: O motivo principal, em primeiro lugar, é dar alguma forma de colaboração para que o assassinato do Adelino Ramos, o Dinho, um dos maiores líderes camponês da Amazônia, não caia no esquecimento. E, em segundo lugar, para manter o assunto em evidência e contribuir para que o assassino e quem está por trás dele não fique impunes.


- O homenageado fez parte do Movimento Camponês Corumbiaras (MCC), do qual você chegou acompanhar alguns encontros. Fale um pouco sobre o MCC.

Barbosa: O Dinho foi um dos fundadores do Movimento Camponês dos Corumbiaras, o famoso MCC, fundado poucos meses depois do massacre ocorrido na cidade que leva esse nome, em Rondônia. Na ocasião, em 1995, a polícia invadiu um assentamento montado na fazenda Santa Elina e mataram 16 pessoas e deixaram mais de 50 gravemente feridos. Desde o ano seguinte, passaram a organizar os encontros do MCC que reúne trabalhadores rurais de Rondônia e do sul do Amazonas e no qual se discute a precariedade dos projetos de assentamento do INCRA, principalmente a falta de infra estrutura, as questões ambientais da Amazônia e, principalmente, a violência no campo e as áreas destinadas a Reforma Agrária, cujas terras são utilizadas por não-clientes dela. Eu tive pessoalmente no quarto, sétimo e oitavo encontros, realizados respectivamente em 2002, 2005 e 2006. Participei também da Jornada Camponesa “Escuta Brasil”, que culminou com o bloqueio das BR’s 364 e 425, e está entre as ações mais conseqüentes do movimento na reivindicação de suas pautas, já que essas são vias de escoamento de produção agrícola e do Pólo Industrial de Manaus (PIM).


- O que ele representava para o MCC?

Barbosa: Podemos afirmar que o Dinho era a maior liderança desse movimento. Até mesmo pela sua experiência. Foi uma pessoa que sempre esteve ligado às causas dos trabalhadores do campo. Começou lá no Paraná, de onde era originário, e desde criança participou da luta pela terra e pela reforma agrária naquele estado. Depois veio para Rondônia, militou no movimento sindical dos trabalhadores rurais e, em 1995, participou dos acontecimentos que redundaram no massacre de Corumbiara. A figura dele era de suma importância para o movimento, era um líder respeitado. Mas além dele há vários outros, inclusive mulheres envolvidas na luta camponesa.


- Você tem falado das dificuldades enfrentadas pelos agricultores nesses conflitos agrários na Amazônia. E quanto à publicação de livros que trazem essa polêmica, quais os desafios que se impõem?

Barbosa: As dificuldades são enormes. As editoras ficam apreensivas com a publicação dessas obras, mas estamos acostumados a enfrentar desafios e acreditamos que esse é mais um que será vencido. Mas a postura das editoras tem lá sua razão. Durante o lançamento do meu livro, ano passado, minha família teve um prejuízo de mais de R$ 200.00,00. Enquanto estávamos na atividade, minha casa foi incendiada e até hoje não se chegou a conclusão sobre os autores daquele atentado.


- Como você tem planejado o lançamento do livro?

Barbosa: Os desafios são imensos para a publicação da obra. Estamos procurando editoras de São Paulo e Brasília para lançá-la. Queremos fazer isso não só em Manaus, mas também em Porto Velho, Belém e Rio Branco. Ou seja, nas principais cidades da Amazônia. Pretendo lançar o livro na passagem dos 6 meses do assassinato do Dinho e o nosso objetivo principal é divulgar essa questão da luta camponesa na região e exigir que os mandantes e assassinos de Dinho sejam devidamente punidos. A nossa esperança é que essa publicação contribua para o fortalecimento do MCC.


- Você era amigo pessoal do Adelino Ramos. Como o descreve?

Barbosa: O Dinho era uma pessoa corajosa, determinada, uma pessoa que tinha luz na sua caminhada e que era respeitado por todos, até mesmo pelas autoridades. Na jornada “Escuta Brasil”, cheguei a ver o Ouvidor Agrário Nacional, Dr. Gercino José da Silva Filho, falar para uma platéia de mais de 200 pessoas da satisfação que tinha em ser amigo dele. O Dinho era uma personalidade decidida e que enfrentava o latifúndio sem medo. Jamais acreditava que um dia seria assassinado. Sabia do perigo de denunciar madeireiros, fazendeiros e até partícipes da máquina estatal, mas jamais pensava que isso ocorreria de fato.


- Apesar desse pensamento, o Dinho recebeu várias ameaças de mortes, não?!

Barbosa: Ele era ameaçado constantemente e respondia a bastante processos na Justiça de Rondônia. Era pressionado de todos os lados. No lançamento do meu primeiro livro, “Desmatamentos, grilagens e conflitos agrários”, em julho do ano passado, na livraria Valler, denunciou que estava sofrendo ameaças que davam conta de que ele teria somente 30 dias de vida. Três dias antes, participamos de uma audiência do INCRA em que se discutiu a violência no campo e lá anunciou isso. Esteve na TV Cultura também, onde repetiu a denúncia. Ameaça de morte contra a pessoa do Dinho eram constantes. Nas oportunidades em que ele ficou alojado na minha casa, comentava sobre isso, mas era uma pessoa corajosa.

- E quem o matou?

Barbosa: O assassino do Dinho é membro da família Machado, que devido a essa questão de terra já executaram membros da própria família. São pessoas ligadas aos madeireiros e aos latifundiários. São conhecidos no município de Lábrea e também na vizinha Vista Alegre do Abunã (RO) e, principalmente, no ramal do Ipê, onde tem o Parque Nacional Mapinguari. São madeireiros que violaram o Projeto de Assentamento Florestal Curuquetê, também invadido por grileiros.


- Você tem conhecimento de como o assassino e os mandantes estão hoje?

Barbosa: Sabemos que apenas o assassino foi preso e está se discutindo a possibilidade de que o processo seja federalizado. A informação que nós temos é que os mandantes ainda não foram encontrados. Aquela área do sul do Amazonas e um pedacinho de Rondônia, bem próximo ao Acre e também a Bolívia, é uma área de intensos conflitos por terra e por madeira.


- Depois do assassinato, como está a região?

Barbosa: A notícia que tenho é de que o clima na região é de medo. No assentamento do PDS Gedeão, que fica próximo, lá então o clima é de muito medo. Principalmente por causa da ameaça feita por grandes proprietários de terra contra os agricultores. Não estive lá, mas as pessoas que têm ido trazem a notícia que o clima é de muita tensão.


- Com a repercussão da morte dele, divulgada em rede nacional de rádio, TV e internet, o que pode se esperar como resposta do Estado?

Barbosa: Após o assassinato do Dinho e o casal do Pará, o Estado tem agido com rapidez. Temos que destacar o papel da comissão do senado que apura a violência do campo na Amazônia, do qual faz parte a senadora Vanessa Grazziotin. Essa comissão já esteve em Vista Alegre do Abunã, onde ele foi assassinado, e tem feito o acompanhado. Recentemente, ouvimos falar no envio de homens da força nacional para conter a violência realizada em Santo Antonio do Matupi, que é uma região próxima do conflito.


- E quanto ao movimento, quais os caminhos a serem percorridos para essa luta continuar?

Barbosa: Nós falamos no livro sobre o futuro do Movimento Camponês Corumbiara. Apesar de ter sofrido uma baixa significativa com a morte de seu grande líder, o movimento continua firme e coeso para lutar pela reforma agrária. Porque essa questão é o imperativo para que haja desenvolvimento nacional. O Brasil precisa sair de um sistema fundiário atrasado, que remonta os tempos das sesmarias para dar um salto mais avançado com a questão do acesso à terra. Permitir que milhões de trabalhadores rurais que permanecem sem terra possam participar da produção e também da fixação no campo, aumentando a produção agrícola e o consumo. Com a morte do Dinho, o movimento sofre uma derrota, mas não a guerra. A luta continua até que a reforma agrária seja definitivamente implantada e com sucesso no Brasil.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

A aprovação da MP dos tablets e o fim da campanha criminosa da mídia local



A tramitação da MP dos Tablets na Câmara dos Deputados serviu para demonstrar a capacidade de proliferação de mentiras por parte das elites e da mídia barés. Insatisfeitos por não terem reeleito o tucano Arthur Virgilio Neto, utilizaram a pauta para atacar e tentar descredenciar as qualidades da bancada amazonense no Congresso Nacional, mas em especial a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB). O texto aprovado na Câmara, no entanto, queimou a língua dos falsários e os obrigaram a interromper a campanha golpista.

Sob relatoria da comunista do Rio Grande do Sul, Manuela D’Ávila, a MP 534 foi aprovada com tudo o que a direita local dizia não ter. Primeiro, demonstrou que os senadores recém-eleitos, Eduardo Braga (PMDB) e Vanessa, além de não serem subservientes a presidente Dilma são capacitados para defender com qualidade os interesses do estado. Afinal, partiram deles as proposituras que garantem condições mais atrativas para as empresas fabricarem os tablets aqui (ampliam o crédito de 4,5% para 5,6% do PIS-Cofins para quem adquirir o produto fabricado no nosso Pólo Industrial). Segundo, reafirmou o compromisso de campanha da presidente Dilma com a Zona Franca de Manaus, algo que os “especialistas-colunistas” dos jornalecos locais diziam que era duvidoso.

Para além dos fatos, é no mínimo curioso a forma como ainda tem se dado a repercussão deles. De início, a mídia apostou todas as fichas na dissimulação para desgastar Vanessa e transmitir a sensação do quanto Arthur “faz falta” no senado. Recentemente, desmascarados pelas verdades que vieram à tona, soltaram manchetes e matérias dando conta das vantagens que estamos por via de receber, mas sem nenhuma ligação com a linha que adotaram meses atrás. Ou seja, atentam-se apenas no desfecho do trâmite para gerar o esquecimento da campanha difamatória e criminosa que desenvolveram.

O que se verifica é que quem sempre esteve e permanece do lado errado são os donos dos meios de comunicação, que precisam criar factóides para (re)apresentar ao povo o que há de pior para ele.