terça-feira, 26 de julho de 2011

UBES, há 63 anos uma rebeldia consequente



Abaixo, texto que escrevi em virtude da comemoração de 63 anos da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES).


Chegar aos 60 anos com vitalidade é o desejo de muitos. Passar dele com rebeldia, agitação e ser o pólo aglutinador de jovens então, nem se fale. Esse desejo dos sexagenários é realidade para a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), que ontem (25) completou 63 anos e se prepara realizar, no final desse ano, seu 390 Congresso, oportunidade na qual mobilizará milhares de estudantes para discutir os problemas da educação e do país como um todo, além de eleger a próxima gestão.

Assim tem sido a rotina da entidade desde sua fundação, em 1948: mobilizar e agitar os estudantes secundaristas em busca de novas conquistas. E essa tarefa tem sido bem executada por seus atuais dirigentes. A UBES encerra um período no qual tem muitos motivos para comemorar. A reconstrução da sede histórica dos estudantes, no aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, e a aprovação no Congresso Nacional dos 50% do fundo social do pré-sal para a educação são alguns desses.

A inquietação típica da sua base popular, no entanto, faz com que ela não fique por aí. Esse ano, por exemplo, se lançaram numa cruzada para fazer com que o Estado atribua efetiva prioridade para a educação e pautam, na reformulação do Plano Nacional de Educação (PNE), investimentos equivalentes a 10% do PIB para o setor.

Inclusive já preparam uma nova jornada de lutas para o mês em que se comemora o Dia do Estudante, agosto, a fim de pressionar os poderes e garantirem a aprovação de sua bandeira de luta.

Entidade mais enraizada nas escolas

Se manter no auge da forma não é fácil e a UBES sabe disso. Por isso, não mede esforços para está cada vez mais inserida no cotidiano dos estudantes. Duas iniciativas realizadas pela atual gestão da entidade constatam essa ginástica: o I Encontro de Grêmios, realizado no mês de janeiro, e o 120 Encontro Nacional de Estudantes de Escolas Técnicas (ENET) da UBES, ocorrido em 2010.

O primeiro teve como pano de fundo a cidade do Rio de Janeiro e os seus belos cartões postais. Na ocasião, mais de 700 representantes de grêmios estudantes do Brasil inteiro tiveram a oportunidade de debater os rumos da entidade máxima representativa dos estudantes secundaristas e passaram a fortalecer a rede do movimento estudantil ao levarem para dentro de suas respectivas escolas as bandeiras de lutas da entidade.

Já o ENET ocorreu na cidade de Natal, em 2010, e serviu para acompanhar a expansão das escolas técnicas desencadeada nos governos Lula. A demanda do país nas áreas tecnológicas e a nova configuração da educação brasileira com a chegada em massa de escolas para formar profissionais nesse campo foram os pontos centrais da discussão naquele momento.

Mantendo tradições

Ao acompanhar a nova realidade da educação brasileira, do país e a forma como a juventude contemporânea se expressa e manifesta sua rebeldia, a UBES conserva características que lhe firmaram como uma das principais representações do movimento social brasileiro: o engajamento e a combatividade.

Dessa forma, a UBES da atualidade é a mesma da passeata dos 100 mil, de Edson Luís, do combate à Ditadura Militar, dos caras pintadas que derrubaram Fernando Collor de Melo e daqueles que combateram o neoliberalismo desavergonhado de FHC.

A democratização da mídia no Congresso da UNE

As últimas semanas foram marcantes para a luta pela democratização da comunicação. Na segunda metade de junho, centenas de blogueiros debateram suas pautas no II Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas. E, na semana passada, o Ministério das Comunicações executou o que desenhava há algum tempo: assinou a implantação do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) aos moldes das Teles. Luta de um lado, entreguismo de outro. O que fazer a partir daqui?

Mais do que algo específico sobre telecomunicações e produção alternativa de notícia, precisamos entender o cenário geral em que isso se dá. A doação do PNBL ao mercado está inserida num contexto mais geral que passa o governo, a disputa vivida na própria base que o sustenta. De um lado, setores progressistas que tentam levá-lo no rumo das mudanças; e, de outro, as elites em geral que têm conseguido emplacar sua agenda até aqui. A continuidade das privatizações, agora com aeroportos, é só mais um indicativo disso.

No início do ano, nosso coletivo que atua na UNE deu um excelente sinal de como reagir a isso. Unificamos correntes divergentes que atuam no movimento estudantil, ao aprovarmos uma linha de atuação que pudesse subir o tom com o governo, a fim de deixar bem claro em que bases se sustentam o apoio que os segmentos populares deram a presidente eleita na última eleição.

O discurso do campo popular, democrático e progressista sinaliza também a possibilidade da construção de unidade em torno da pauta do PNBL e do marco regulatório da comunicação. Diferente de dois anos atrás, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou a obrigatoriedade do diploma de ensino superior para o exercício da profissão de jornalista e gerou divergências sobre a necessidade ou não disso entre as correntes que participam da UNE, nesse 520 congresso é possível aprovarmos um documento assinado por todos os grupos.

As pautas estão dadas. A implantação de um PNBL em regime público, com meta de universalização e protagonizado pela Telebrás; a luta pelo marco regulatório que paute a radiodifusão colocando os dispositivos constitucionais e as resoluções da Confecom em prática; a distribuição democrática das verbas publicitárias oficiais, com critérios previamente definidos; e a luta pela aprovação do marco civil da internet são as principais delas.

Colocar essa luta na ordem do dia é fundamental também. Uma agenda tem sido construída por atores diversos e participarmos delas, além de construir outras próprias. A campanha “Banda Larga é um direito seu – por internet barata, de qualidade e para todos” e os próprios encontros de blogueiros progressistas – que no final de setembro terá sua etapa internacional,em Foz do Iguaçu – são, por exemplo, prioritárias para nos inserirmos e darmos nossa contribuição mobilizadora, propositiva e de combatividade.

Em tudo isso, porém, precisamos demarcar uma fronteira para não sermos confundidos. Unificar a base do movimento estudantil universitário e o movimento social como um todo em busca da participação popular na comunicação não é uma forma de combater o governo, mas o capital que tem impedido dele emplacar as mudanças que se comprometeu na última eleição.

Publicado no site da UJS antes do 52 Congresso da UNE.


P.S: A plenária final do congresso aprovou um documento chamado "Uma nova comunicação para um novo Brasil", aos moldes do que foi tratado no texto acima.

domingo, 24 de julho de 2011

1º Encontro Internacional de Blogueiros, de 28 a 30 de outubro



O evento vai discutir “O papel da globosfera na construção da democracia”.

São esperados internautas dos Estados Unidos, Europa, Ásia, África e América Latina.

Dentre os convidados internacionais estão o francês Ignácio Ramonet, criador do jornal Le Monde Diplomatique; o espanhol Manuel Castells, autor de diversos livros sobre a cultural digital; Julian Assange, criador do Wikileaks; a norte-americana Amy Gooldmann, responsável pela rede “Democracy Now”; o espanhol Pascual Serrano, blogueiro e fundador do sítio Rebelion; o blogueiro cubano Iroel Sanches; o coordenador da campanha de Ollanta Humala (Peru), Elvis Moris; o argentino Pedro Bringler, blogueiro e diretor da TV Pública da Argentina.

Sobre o papel da “Globosfera no Brasil” deverão dividir mesa de debate: Paulo Henrique Amorim (Conversa Afiada); Luís Nassif (Blog do Nassif); Hidegard Angel (blogueira carioca); Esmael Morais (blogueiro paranaense).

Nesta semana, o blog oficial do 1º Encontro Internacional de Blogueiros deverá entrar no ar com a programação e dicas de hospedagens em Foz do Iguaçu.

Fonte: Blog do Esmael Morais

sábado, 23 de julho de 2011

52 Congresso da UNE e a luta transformadora da juventude!



Há uma semana, iniciava, na cidade de Goiânia, a plenária final do 52 Congresso da União Nacional dos Estudantes (Conune). Cerca de 10 mil estudantes universitários de todos os estados do país iniciavam a disputa pela aprovação das propostas saídas dos debates iniciados dois dias antes. Muito debate, animação, diversidade, politização e energia!

O congresso da UNE é, desde muitos anos, o principal espaço de discussão do movimento social brasileiro. Desde 2007, essa característica tem se acentuado e milhares de estudantes passaram a construir esse evento. Muito foi falado ali dos números q comprovam isso. Mais de 1,5 milhão de estudantes participaram da eleição de seus delegados, 97% das instituições de ensino superior mobilizadas, mais de 30 correntes de opinião disputando as decisões no congresso, além do recorte diverso representado pelos estudantes q estavam ali: evangélicos, homossexuais, negros, indígenas, mulheres, nortistas, nordestinos, etc.

A magnitude dessa atividade que a UNE realiza a cada dois anos é a maior prova do quão inverosímil é o pensamento único, que prega por todo canto a apatia absoluta da juventude contemporânea. Além de um congresso tão grande quanto politizado, a UNE é responsável por mobilizar milhares de estudantes em todo país durante suas jornadas de lutas.

Por trás de sua bandeira, líderes estudantis têm promovido inúmeras passeatas, manifestações, atos públicos para tratar desde a questão do transporte coletivo em várias cidades até a luta por mais investimentos em educação. A exigência de investimentos equivalentes a 10% do PIB para esse setor é a pauta que a UNE tenta emplacar durante a revisão do Plano Nacional de Educação (PNE) no momento.

O congresso desse ano teve, também, a comprovação da marca do acerto e da eficiência da UNE na década passada. Os grupos que passaram todos esses anos questionando o posicionamento da entidade sobre a pauta educacional então em curso no país deram o braço a torcer. Os que bateram tanto em REUNI e PROUNI tiveram que ir para dentro das universidades disputar eleição de delegados mentindo sobre si próprio. Esse ano se disseram a favor desses programas e, no máximo, se omitiam sobre o assunto.

Os que gritavam “Ou pára essa reforma ou paramos o Brasil”, sobre a reforma universitária, não conseguiram nem parar o país nem mudanças no ensino superior, que hoje eles mesmo reconhecem como avanço.

Mas apesar disso, felizes foram os delegados no congresso desse ano. Reconheceram os avanços, mas foram cirúrgicos na crítica ao afirmarem que isso é insuficiente para o país. E estão certos. A educação ainda não é prioridade na agenda que tem sido implementada pelos governantes até aqui. E é necessário muita luta para reverter esse quadro.

Viva a UNE, viva a luta dos estudantes brasileiros e boa sorte a nova direção, que tem desafios gigantescos pela frente!


P.S: Um abraço especial aos meus companheiros amazonenses Renan Alencar e Maria das Neves, que farão parte da direção executiva da gestão 2011-2013!

Amazonino Mendes: De prefeito a dono de Manaus



Acompanhei hoje (23) pela manhã, a plenária de dirigentes e pré-candidatos a vereador do PCdoB-Manaus. Na ocasião, a vereadora Lúcia Antony fez uma intervenção especial alertando sobre a necessidade do partido se insurgir contra o Projeto de lei n. 121/2011. O tal projeto é de autoria do prefeito Amazonino Mendes e concede à iniciativa privada a oportunidade de gerir feiras, mercados, praças, parques e demais espaços públicos por 30 anos, podendo ser prorrogados por mais 30.

Pensando aqui com meus botões avalio o seguinte: Além de repetir a lógica privatista e a retirada do poder público da gerência sobre a coisa pública, típico do receituário implementado com força na década de 1990, isso dá condições do negão sair da condição de prefeito e passar a dono de Manaus.

Dono? É isso mesmo. E não é nenhum exagero chegar essa conclusão. Afinal de contas, uma vez aprovado esse projeto entrega na bandeja de grupos empresariais a oportunidade de comandar espaços por onde passamos, convivemos e interagimos com tantos outros. E quem duvida de que essas empresas não podem estarem ligadas ao próprio prefeito?

Contemplando o triste (e feliz para nós) fim de sua carreira política, talvez Amazonino esteja construindo a forma de permanecer no comando da cidade e garantir o troquinho excedente no bolso!

quarta-feira, 6 de julho de 2011

O interesse de quem “combate à corrupção” no Amazonas

“Defenda seus interesses”. Ouvi essa frase de um amigo outro dia, quando estávamos sentados com outros dividindo uma pizza, e perguntei se alguém queria um determinado pedaço. A demissão de Alfredo Nascimento do Ministério dos Transportes e o silêncio do Fórum de Combate à Corrupção me fizeram lembrar, com outro viés, desse dia de recreação com amigos.

O Fórum foi criado com um indicativo claro de disparar contra o governo estadual. Por isso, além de Praciano e José Ricardo, envolveu outros membros da oposição e movimentos sociais ligados a eles. Pela nobreza do título dado ao movimento, pressionam outros atores a fazerem parte e até criticam os que ainda não aderiram.

Mas o não posicionamento do tal fórum sobre o principal caso de corrupção lançado do Amazonas para o Brasil, o caso Alfredo Nascimento, levanta várias reflexões. Os protagonistas do movimento estão interessados em moralizar a política ou estão somente defendendo seus interesses em mostrar a corrupção dos outros?

A pergunta não é exagerada se lembrarmos que os principais articuladores do Fórum estiveram na campanha eleitoral de Alfredo em 2010 e subiram várias vezes em seu palanque. O que será dele a partir daqui. Continuará fazendo o papel de julgar as movimentações do governo, desconsiderando inclusive os órgãos oficiais que já fazem isso, ou vão combater a corrupção de fato?

sábado, 2 de julho de 2011

A ação dos crackers e atuação coordenada da direita

A semana que termina tem sido marcada, dentre outras coisas, pelas manchetes que dão conta da invasão, por parte de crackers, de sites de órgãos públicos e outros ligados ao PT. Observo as movimentações que isso tem desencadeado e constato, mais uma vez, como a direita consegue envolver agentes distintos numa ação devidamente coordenada com um fim específico.

Vamaos ao ponto. Os crackers (que se distinguem dos hackers por serem criminosos) agem na internet enquanto no parlamento os demo-tucanos colocam em pauta o subtitutivo do PL 84/99 de autoria do atual deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB), que tem sido apelidado de AI-5 digital. O apelido é em alusão ao Ato Institucional de número 5, aprovado pelos militares em 13 de dezembro de 1968 para restringir as liberdades democráticas no Brasil e iniciar, de fato, os anos de chumbo no país.

A escolha não é aleatória. Ao atacar páginas de órgãos públicos, invadir sites e e-mails de líderes do PT, a direita espera gerar o medo necessário para mudar a opinião da base aliada do governo sobre o projeto de Azeredo. Querem falicitar o caminho para a aprovação do projeto que visa gerar um vigilantismo na internet. O presidente da França, Sarkozy, busca a mesma coisa naquelas terras para, segundo ele, tornar a internet menos caótica. Em outras palavras, buscar diminuir as críticas ao seu governo.

Por aqui, a única diferença é que os interessados estão na oposição. E um dos fatores que lhes mantiveram assim foi a atuação de usuários de blog's e redes sociais, que periodicamente denunciam as informações tendenciosas que a grande imprensa, histórica aliada deles, jorram pelas ondas do rádio e da TV.

Não deixemos nos enganar. Há algum tempo representantes das elites e grande imprensa criam fatos ou se utilizam deles para emplacarem seus objetivos. No assassinato do menino João Hélio, as emissoras de TV exploraram ao máximo o assunto enquanto parlamentares do DEM e do PSDB pautavam a redução da maioridade penal. No auge da discussão do Código Florestal, a globo lançou um especial para falar dos impactos ao meio ambiente associando o projeto com o conteúdo que despejavam na TV. E agora, os crackers geram inúmeras manchetes para legitimar filtragem de conteúdo na internet.

Se me alongasse aqui, poderia citar inúmeros outros exemplos semelhantes. Históricos ou recentes.